A igreja católica sempre se orgulhou de ser conhecida e reverenciada por ter edificado 365 igrejas na Bahia, uma para cada dia do ano! Diante dessa afirmativa o povo de santo pode então dizer bem mais, já que na cidade de Salvador foram mapeados cerca de 1408 terreiros de candomblés pelo CEAO – Centro de Estudos Afro – Orientais da UFBA, no ano 2006,imaginem só o número total de terreiros existentes na Bahia.
Na Cidade Nova o terreiro mais antigo foi fundado no ano de 1936,quem o comanda é a Ialorixá Vanilde Maria Ataide B. Portela,cuja regente é Oxum(orixás da agua doce), está estabelecida à Rua 01 de Janeiro, 15. Atualmente quatro nações diferenciam esses terreiros:Ketu,Angola,Jeje Savalu,Alaketo.
A palavra nação é usada no candomblé para distinguir seus segmentos, diferenciados pelo dialeto utilizado nos rituais, o toque dos atabaques, a liturgia. A nação também indica a procedência dos escravos que lhe deram origem na nova terra e das divindades por eles cultuadas.
As civilizações sudanesas,são representada pelo grupo Yorubá, também conhecida como Nagô, representado pelas nações: Ketu, Efan,Ijexá, Nagô Rgbá, etc.Os grupos daomeanos é representados pelas nações Jeje: Fon,Éwé,Mina,Fanti, etc.As civilizações bantu da Contra- Costa, tem sido o grupo reduzido às nações: Candomblé Bantu - Angola, Congo, Cabinada
A Ialaroixá Alice Pereira é uma das mais conhecidas e reverenciadas mãe de santo do bairro, pela tradição, organização e localização estratégica do seu terreiro na Ladeira do Ipiranga. Com mais de 50 anos de serviços prestados à cultura Afro-brasileira ela é uma das representantes da nação Angola e tem como regente Nanã, orixás das chuvas, dos mangues, da lama, pântano, senhora da morte. É conhecida também como "Avó" por ser imaginada como uma anciã,no Brasil comemora-se o seu dia em 26 de Julho(dia dos avós).Suas cores são: branco e azul ou preto e roxo.Comidas: Aberém,munguná,mostarda,taioba.
Xirê - roda de orixás. |
Iansã,Oyá (terreiro de mãe Alice). |
Confraternização entre os presentes, os pratos são servidos.No terreiro exala um cheiro forte de comida saborosa, o xirê chega ao fim.
O Calendário Litúrgico
As festas normalmente estão associadas aos dias santos do catolicismo:
Janeiro: Festa de Oxalá (coincide com a festa do Bonfim, em Salvador), no segundo domingo depois do dia de Reis, 6 de janeiro.
Quaresma: O encerramento do ano litúrgico acontece durante os quarenta dias que antecedem a Páscoa, com o Lorogun, em homenagem a Oxalá.
Abril: Feijoada de Ogum e festa de Oxóssi (associado a São Sebastião), em qualquer dia.
Junho: Fogueiras de Xangô (associados a São João e São Pedro), dias 25 e 29.
Agosto: Festa para Obaluaiê (associado a São Lázaro e São Roque) e festa de Oxumaré (associado a São Bartolomeu), em qualquer dia.
Setembro: Começa um ciclo de festas chamado Águas de Oxalá, que pode seguir até dezembro. Festa de Erê, em homenagem aos espíritos infantis (associados a São Cosme e Damião). Festa das iabás (esposas de orixás) e festa de Xangô (associado a São Jerônimo), em qualquer dia.
Dezembro: Festas das iabás Iansã (Santa Bárbara), dia 4, Oxum e Iemanjá (associadas a Nossa Senhora da Conceição), dia 8. Iemanjá também é homenageada na passagem de ano.
Lideranças,ano de fundação,localização de terreiros no bairro da Cidade Nova.
LIDERANÇAS
|
NAÇÕES
|
FUNDAÇÃO
|
ENDEREÇOS
|
José Carlos Bispo da Hora
|
Angola
|
2001
|
Rua Trasíbulo Ferraz, 25.
|
Carmelita Gomes de O. Santos
|
Angola
|
1974
|
Rua 24 de Junho, 66.
|
Alice Pereira da Silva
|
Angola
|
1960
|
Rua Ladeira do Ipiranga, 69.
|
Maria das Graças M. Souza
|
Angola
|
1976
|
Rua Osório Vilas Boas, 38.
|
José Antônio de Almeida
|
Keto
|
1981
|
Rua 25 de Dezembro, 71.
|
Sarita Martia Sérgio
|
Keto
|
2005
|
Av. Alzira, 64 A e B.
|
Eliete Estevão
|
Keto
|
1960
|
Rua Alta do Forno, 29.
|
Elena Gomes B. dos Santos
|
Keto
|
1966
|
Rua Alto do Forno,63
|
Eunice Merceis Soares
|
Keto
|
1974
|
Rua 01 de Janeiro, 93
|
Izabel Cristina N. Garcia
|
Keto
|
1967
|
Travessa do Forno, 7.
|
José Roque L. Vinhas
|
Keto
|
1994
|
Rua Osório Vilas Boas, 29.
|
Vanilde Maria A. B. Portela
|
Keto
|
1936
|
Rua 01 de Janeiro, 15
|
Regina Boa Morte Santos
|
Keto Angola
|
1960
|
Rua Dr. Esteves de Assis,55
|
Ana Célia N. Morais
|
Keto Angola
|
1988
|
Rua Osório Vilas Boas, 31.
|
Ana Célia N. Morais
|
Jêje Savalu
|
1985
|
Rua Trasíbulo Ferraz, 70 - Fundo C. 04.
|
Ubiraci Ribeiro dos Santos
|
Alaketo
|
2000
|
Rua Alta do Forno, 45.
|
Moacir Pacheco de Meneses
|
Vodum Nagô
|
2003
|
Rua Osório Vilas Boas, 18.
|
Fonte: CEAO – Ufba.
|
Na tabela acima, verificamos que na Rua Osório Vilas Boas(subindo a rua Passos - próxima a igreja de S. Judas Tadeu) estão situados quatro terreiros e que eles estão localizados uns próximos aos outros.Fomos invetigar para saber se existia algum motivo que justificasse o grande numero de terreiros numa rua aprentimente pequena, encontramos na fonte das pedras Edna Monção de Carvalho( mãe Edna), 51 anos,14 de santo feito e três anos de decar( zeladeira).
Mãe Edna nos conta que os motivos para a presença de tantos terreiros na Osório Vilas Boas é que nesta rua os fundamentos do candomblé estão muito mais vivo, por que existe água em abundância, matas, encruzilhadas e casa branca(cemitério).Queríamos saber também sobre a importância do candomblé na vida dela, ela nos revela que esse encontro se deu a partir de problemas de saúde(pressão alta, sensação de desmáios e rouxidão), essas doenças não estavam conseguindo ser tratada com eficácia na medicina tradicional até que comerçou a frequentar o terreiro de pai Ubaldo (Kiko).
Os búzios revelaram que deveria cuidar do seu orixá e ser raspada(fazer santo).Mas,diz também que sofre com a intolerãncia religiosa manifestada pelos evangélicos,"eles acham que todos os orixás é o demõnio e que nos recebemos demônios. A própria família discrimina porque são evangélicos agora, grande parte passaram pelo Axé".
Pai Jack de Oxum. |
Outro terreiro que encontramos na rua Osório é de José Rocha Lisboa Vinhas( pai Jack) morador do bairro da Cidade Nova a 23 anos. Ele desenvolve suas atividades religiosos com(trabalhos,obrigações, jogos de búzios) e afirma que vive apenas da atividade e sem ajudas de políticos e orgãos públicos.O seu sucesso pessoal vem da aceitação dos trabalhos pelos clientes, que após satisfeitos o recomenda para outros, inclusive clientes de fora do Brasil( Londres,Suiiça).A maior parte dos trabalhos estão relacionados com, amor,doenças e negócios.
Salão do terreiro. |
O terreiro de Pai Jack funciona numa casa ampla de dois pavimentos e conta com uma boa estrutura para abrigar cerca de 40 seguidores.Ele cumpre todas as exigências imposta pela prefeitura(alvará de funcionamento) e também da associação que dá apoio aos cultos afros, UNEGRO( União de Negros pela Igualdade).
"Em síntese, o candoblé é uma religião iniciática, de tradição oral, centrada no culto aos orixás.Os orixás são um princípio imaterial representado pelo axé, a força que se relaciona com diferentes forças da natureza,com cores distintas e com um sistema de atitudes transmitido por romances que narram a vida dos orixás.Cada terreiro tem sua comunidade moral composta pelos integrantes do axé da casa, apesar das diferenças quanto ás tradições e aos sistemas de nomes, o sistema de represenrtação é semelhante."
Pai Ari,Ssa -Bahia.
Referências:
Texto retirados do livro; Tradições Negras, Políticas Brancas – Previdência Social e populações afro-brasileiras – (Gabriel O. Alvarez/Luiz Santos).
http://super.abril.com.br/religiao/candomble-brasil-orixas-tradicoes-festas-costumes-441075.shtml
Wilkipedia -Enciclopédia livre.
http: milongas.blogs.sapo.pt.
Contatos:
Ialorixa Mazaquele Alice - (71) 3494 42 80 e (71) 9131 63 95 / 8663 5375.
Babalorixa - Pai Jack - (71) 3386 12 26 e (71) 8820 6571.
Mãe Edna - (71) 8724 5776.
Mais fotos:
Impressionou-me a riqueza cultural do candomblé e do povo do Axé. Mesmo com tantas adversidades (intolerância religiosa, perseguição do Estado e da mídia), continuam sua trajetória de respeito à natureza e aos fundamentos religiosos passados de geração a geração. É um movimento silencioso que tem com consequência a multiplicação do número de terreiros em Salvador e provavelmente na Bahia. Só um povo forte e guerreiro poderiam sobreviver com tanta dignidade. Aché!
ResponderExcluirPaulo,
ResponderExcluirMatéria excelente,é muito bom saber noticias da Cidade Nova para quem está há milhares de quilômetros.Continue com este movimento cultural!!! Um pouco mais de saudosismo, aí vai: Gil tem uma canção muito bonita sobre o misticismo da Bahia"Eu Vim da Bahia": "Onde a gente não tem pra comer, mas de fome não morre/ Porque na Bahia tem mãe Yemanjá/ De outro lado o Senhor do Bonfim/ Que ajuda o baiano a viver.
Pra cantar, pra sambar pra valer
Pra morrer de alegria
Na festa de rua, no samba de roda
Na noite de lua, no canto do mar
Eu vim da Bahia
Mas eu volto pra lá
Eu vim da Bahia .."
Fátima Gomes
Fátima,a música serve entre outras coisas, para refletirmos e lembrar de acontecimentos importantes de nossas vidas.Quem nasce na Bahia e se muda para outro estado ou país,fica um pouco desatualizado das coisas de cá.Não se esqueça de lembre de voltar,continue nos apoiando.
ExcluirMuito boa a material, prende a atenção do começo ao fim.
ResponderExcluirA cultura dos bairros de Salvador deve sim ser preservada e divulgada. continue assim...
Amigo Márcio,grande parceiro de trabalho e também de formatação do blog da Cidade Nova.Espero que a comunidade do bairro possa se orgulhar com as informações de cada matéria e curiosidades postadas.Continue nos apoiando.Um grande abraço!
ResponderExcluirCaro Chico.
ResponderExcluirOs terreiros citados na matéria foram pesquisados no site do CEAO -UFBA-2008,portanto,eu desconheço o motivo dos pesquisadores da faculdade não incluirem o nome de D.Edna Campos na pesquisa.Assim que for possível eu irei visitar o terreiro para confirmar a sua informação.Continue nos prestigiando e obrigado.
Caro Carlos.
ResponderExcluirOs pesquisadores profissionais têm as suas próprias fontes de dados,portanto eles escolhem as fontes que mais lhe interessam, no nosso caso de iniciante seguimos o CEAO – UFBA, por que não tínhamos nenhuma outra fonte segura para realizar a matéria. Os terreiros apontados por você como ausentes na lista do bairro podem estar relacionados às outras subdivisões ligadas ao candomblé (Umbanda, Kibanda, Rodas de caboclos),talvez por isto não tenham sido caracterizados pelos pesquisadores como terreiros. Assim que for possível irei a campo colher mais informações.
Outro motivo da utilização da fonte de informações citada,foi que mesmo tendo no nosso bairro um bom número de terreiros,poucos deles se prontificaram em nos dar informações. Um grande abraço.
Nossa que riqueza a nossa cultura,nossos guias que nos fortalecer a cada dia,nossa cultura e esplêndida tenho muito orgulho da minha religião. Axé Axé
ResponderExcluirEu também sinto orgulho de nossa cultura. Existem varias formas de manifestações e atividades culturais na nossa Bahia, veja nossos videos no Canal Paulo Gomes-YOUTUBE e depois faça comentários.Valeu!
ResponderExcluir